As Caseínas correspondem a aproximadamente 80% das proteínas do leite bovino, sendo elas subdivididas em quatro grupos:
1- Alfa S1
2- Alfa S2
3- Beta (β)
4- Kappa
Dentre os quatro subtipos a beta-caseína é a segunda mais abundante no leite de vaca, constituindo até 45% das caseínas totais e contém 209 aminoácidos. Existem 13 variantes genéticas descritas para a beta-caseína: A1, A2, A3, A4, B, C, D, E, F, H1, H2, I e G.
Nas raças de gado leiteiro as variantes mais comuns de β-Caseínas são A1 e A2, enquanto as variantes A3 e C são raras. A frequência do alelo A2 é baixa em raças Holandesa e Taurinas, com exceção para a raça Guernsey. Nas raças zebuínas a frequência do A2 é maior, mostrando uma potencialidade de produção utilizando essas raças, e maior facilidade de seleção assistida.
Segundo pesquisas as raças com maior probabilidade de conter os alelos para A2 da β-caseína são: Sindi, Gir leiteiro, Gir, Girolando, Guzerá e Raça Vermelha Norueguesa. As raças Caracu e Jersey tem maior probabilidade para heterozigose (A1 A2). Em um estudo brasileiro, a frequência de alelo A2 em animais da raça Guzerá foi de 97%, e 93%, no Gir, a frequência do alelo A2 foi de 98%, e 96% dos animais. Esses resultados revelam o potencial genético das raças zebuínas para a produção de leite A2.
Leite A1 X A2: Malefícios e Benefícios
No Brasil, 53 milhões de pessoas dizem ter problemas de digestão com leite, comumente esses sintomas podem ser confundidos com a Intolerância à Lactose (açúcar do leite), pois são bastante semelhantes. A alergia ao leite de vaca e a intolerância à lactose são problemas distintos. A intolerância à lactose ocorre em pessoas que têm deficiência na produção de uma enzima chamada lactase, cuja função é quebrar as moléculas de lactose durante o processo digestivo, transformando-a em energia para as células do corpo humano. Os sintomas da intolerância à lactose são dores abdominais, diarreia, flatulência e abdômen distendido. A alergia à proteína do leite de vaca, é desencadeia uma série de reações, algumas parecidas com a tolerância à lactose, o que pode gerar confusão entre os dois problemas.
A β-Caseína A1 quando degradada no trato gastrointestinal humano origina um peptídeo chamado Beta-Casomorfina-7 (BCM-7). Alguns estudos indicam que esse peptídeo é o causador da alergia à proteína do leite que alguns seres humanos apresentam. Um estudo mostrou que o consumo de leite contendo β-caseína A1 foi associado a aumento dos sintomas gastrointestinais, concentrações mais altas de marcadores de inflamação, tempo de trânsito intestinal mais longo e quantidades inferiores de ácidos graxos de cadeia curta.
Atualmente o diagnóstico para β-Caseína nos rebanhos bovinos tem aumentado, devido aos benefícios que o leite A2A2 tem trazido para o consumidor.
Vários estudos relacionam o consumo do leite A2 A2 a benefícios para a saúde humana. Pesquisadores relatam que a β-Caseína-A2 reduz o colesterol no soro, diminui a concentração de lipídios de baixa densidade, que desempenham um papel importante na prevenção de uma ampla gama de doenças vasculares humanas, além disso, e o alelo A2 tem efeito positivo sobre a quantidade produzida de proteína no leite e negativo sobre a produção de gordura.
Genotipar reprodutores e preferir o alelo A2 podem levar a dois benefícios para o produtor: aumentar a produção para o rendimento em proteína do leite e a frequência decrescente da variante A1 da proteína.
Uberaba-MG 03 de Junho de 2019.
Drª. Bethânea Crema Peghini
Pesquisadora e Gerente da Qualidade da Geneal Diagnósticos Ltda.
Referências:
1. KAMINSKI, S.; CIESLINSKA, A.; KOSTYRA, E. Polymorphism of bovine beta-casein and its potential effect on human health. J. Appl. Genet., v.48, p.189–198, 2007.
2. JAISWAL, K.; DE, S.; SARSAVAN, A. Detection of single nucleotide polymorphism by T-ARMS PCR of cross bred cattle Karan Fries for A1, A2 beta casein types. Inter. J. Sci. Res. Biol. Sci., v.1, p.18-20, 2014.
3. VERCESI FILHO, A.E.; CAMARGO, G. M. F.; CARDOSO, D. F.; ZADRA, L. F.; FERNANDES, A. R.; TONHATI, H. Identificação de alelos A1 e A2 para o gene da beta-caseína na raça Gir Leiteiro. In: SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MELHORAMENTO ANIMAL. 9., 2012. João Pessoa. Anais... João Pessoa, Paraíba: Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal, 2012. Disponível em: Acesso em: 29 jun. 2019.
4. CORBUCCI, F. S. Beta-caseína A2 como um diferencial na qualidade do leite. TCC para o Curso de Graduação apresentado à Faculdade de Medicina Veterinária, da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, câmpus de Araçatuba de 2017.